O preço dos celulares vendidos no Brasil aumentarem 88% entre o primeiro trimestre de 2024 e o mesmo período de 2025. Os números foram divulgados pela IDC, consultoria especializada no setor de tecnologia e mobile.
De acordo com a companhia, o valor médio de um smartphone vendido no país era de R$ 1.361 no começo de 2024, e disparou para R$ 2.557 em 2025. Vários fatores contribuíram para isso, desde as novas tecnologias, como o 5G, até a guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O diretor de pesquisas da IDC, Reinaldo Sakis, vê um cenário desafiador tanto no Brasil quanto globalmente.
“O preço alto neste início de ano é um reflexo de todas as incertezas que vêm aumentando. Ao longo de 2024, a cada trimestre houve altas nos valores dos celulares. Mas, agora, há uma perspectiva de piora no ambiente macroeconômico em um momento em que a tecnologia se impõe. Hoje, por exemplo, metade dos smartphones vendidos já é de Quinta Geração (5G), que têm preço maior.”
Além das atualizações tecnológicas nos aparelhos, Sakis também citou dólar alto — apesar da trégua agora em 2025 —, tarifas de Trump e taxas de juros mais altas que encarecem o crédito como responsáveis pelo aumento nos preços. Assim, mesmo com o desemprego em baixa, as vendas de celulares no Brasil caíram quase 10% nos últimos 12 meses.
Fabricantes buscam soluções
Sakis prevê uma melhora ao longo de 2025, mas acredita que o total de unidades vendidas no país fique em torno de 38 milhões esse ano. Isso seria uma queda de 6% em relação a 2024, e o pior desempenho desde 2019, quando foram comercializados 49,3 milhões de smartphones no país.
“O setor também vem precisando lidar com o aumento dos custos com as mudanças logísticas que podem ocorrer por conta da tarifação dos EUA, já que há uma série de produtores de componentes em diversos países”, observou o especialista.
Entre as soluções pensadas pelas fabricantes estão a oferta de celulares mais baratos com 5G e inteligência artificial na nuvem. Isso resolveria pelo menos o lado das novas tecnologias, já que o uso de IA generativa está em alta, junto com a quinta geração da banda larga móvel.
Outra estratégia é a nacionalização da produção. Apple, Samsung e Motorola já produzem pelo menos alguns modelos no Brasil. Já as chinesas começam a trazer fabricação para o país. Infinix e Oppo já têm produção local, enquanto a Realme anunciou uma linha de montagem por aqui, e a Jovi já vai entrar no mercado com produção na Zona Franca de Manaus.
Isso deve ajudar a conter a alta nos preços, mas não resolve o problema todo. Além de muitos componentes ainda serem importados, a trégua de 90 dias na guerra tarifária entre EUA e China ainda deixou muita incerteza na economia global.
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Fonte: O Globo