O alerta do título foi dado por Guilherme Felitti, da Novelo Data, empresa de análise de dados. De acordo com ele, “está em curso um processo de limpeza de vídeos dos canais de direita no YouTube Brasil”. Já foram apagados mais de 700 vídeos só em junho, enquanto em maio foram deletadas 1.112 publicações. São monitorados 86 canais, como os de Nando Moura, MBL, Foco Brasil, Bolsonaro TV e por aí vai.
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Desde março desse ano está em andamento no STF um inquérito sobre fake news, que “investiga a existência de notícias falsas, denunciações caluniosas, ameaças e infrações que podem configurar calúnia, difamação e injúria contra os membros da Suprema Corte e seus familiares”. A ação foi votada pela Corte no último dia 18 e considerado legal, com 10 votos favoráveis e apenas um, o de Marco Aurélio Mello, contrário ao prosseguimento das investigações.
No final de maio, o inquérito motivou 29 mandados realizados em cinco estados (Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina) que tiveram como alvo apoiadores do presidente Jair Bolsonaro como o empresário Luciano Hang, conhecido também como o “Veio da Havan”, a extremista Sara “Winter” Giromini, que já está presa temporariamente por conta de outro inquérito, o empresário Edgard Corona, presidente da rede de academias Smart Fit, os blogueiros Winston Lima e Allan dos Santos, e o presidente nacional do PTB, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, que já esteve evolvido no escândalo do mensalão em 2005 e retornou ao noticiário político recentemente como articulador do Centrão com Bolsonaro.
Um deputado estadual do PSL de São Paulo, Douglas Garcia, também foi alvo de um dos mandados do final de maio. O ministro do STF Alexandre de Moraes convidou vários deputados federais do ex-partido de Bolsonaro (hoje sem filiação) para serem ouvidos, entre eles Bia Kicis (DF), Carla Zambelli (SP), Daniel Lúcio (RJ), Filipe Barros (PR), Geraldo Junio (MG) e Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (RJ).
Apagando provas?
De acordo com Felitti, muitos desses vídeos que estão sumindo podem ter sido deliberadamente apagados pelos próprios donos dos canais para esconder provas. “O pico a partir de maio coincide com o inquérito de fake news do STF. Quem estava entre os visitados? O dono do canal que, de longe, mais deletou vídeos em junho”, observou, citando Allan dos Santos.
De fato, é possível que muitos desses vídeos tenham sido removidos pela própria plataforma por violar as políticas de uso do YouTube. Para isso, porém, é necessário um esforço muito grande de denúncias. Além disso, o número de vídeos sumindo disparou em maio, como apontou Felitti. “37 dos 82 canais monitorados deletaram vídeos em junho. Quase a metade”, afirmou o fundador da Novelo Data, apontando ainda que “Até mesmo o canal do próprio Bolsonaro deletou 1 vídeo”.
O Nanobits entrará em contato com a assessoria do YouTube para averiguar os sumiços dos vídeos. Fique atento que essa página será atualizada caso apareçam novas informações sobre o caso.