O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, anunciou que as plataformas da empresa deixarão de fazer checagem de fatos. O Brasil ainda não foi afetado, mas os usuários das redes da empresa por aqui cogitam deixar as plataformas pertencentes à companhia caso isso se concretize.
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No Brasil, os usuários de Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp se mostraram contrários à mudança em um número maior que outros países latino-americanos. De acordo com uma pesquisa, 41% dos brasileiros reprovam a medida, contra 34% favoráveis e 24% que não souberam responder.
O número pode não chegar à metade do total de entrevistados, mas o estudo mostra que a maioria que tem uma posição formada sobre o assunto prefere que o Facebook e demais redes mantenham a checagem de fatos, em vez de adotar as notas da comunidade. Dos outros países analisados, Colômbia ficou em segundo, com 35% de apoio à checagem da própria plataforma. México (31%), Chile (30%), Argentina (28%) e Peru (28%) completam a lista.
Além disso, o brasileiro também se mostra mais propenso a abandonar as redes sociais da Meta caso as novas regras de (falta de) combate à desinformação sejam impostas. E isso mesmo apesar de ser um país com grande aderência às plataformas de Mark Zuckerberg.
Comparado aos outros países latino-americanos do estudo, o Brasil lidera no uso diário tanto do Instagram quanto do WhatsApp, além do Threads. Porém, 38% dos entrevistados afirmaram considerar deixar as redes da Meta com o fim da checagem de fatos. Apesar de ser o país que lidera nesse quesito, ainda há 43% que negam sair mesmo que haja a mudança.
O estudo foi realizado pela Broadminded, empresa de análise de tendências de comunicação na América Latina que faz parte da Sherlock Communications. Os entrevistadores ouviram 3,2 mil pessoas durante o mês de janeiro. A pesquisa também mostrou que 29% reconhece ter caído em fake news alguma vez.
Maioria acredita que Meta deve ter liberdade para agir
Apesar de os brasileiros no geral serem contra a mudança na checagem de fatos, uma parcela considerável acredita que a prática de disseminar fake news é um “direito democrático”. Pelo estudo, 19% disseram acreditar nisso, enquanto 41% disseram que a Meta deveria ser livre agir como quiser, por ser uma empresa privada.
Mesmo assim, 87% dos entrevistados brasileiros disseram concordar que a Meta deveria ter obrigação legal de moderar suas plataformas, seja com a remoção de conteúdos, exclusão de contas ou colaborar com as autoridades em casos que podem trazer riscos ao mundo real. Apenas 8% discordam disso, enquanto 6% não soube responder.
Além da troca da checagem de fatos pelas notas da comunidade, a Meta também anunciou novas regras mais flexíveis contra discursos de ódio. A empresa resolveu reduzir o alcance de filtros automáticos que derrubavam esse tipo de conteúdo e outros que iam contra as diretrizes de suas plataformas. Essa mudança já está em vigor inclusive no Brasil.
Sobre o discurso de ódio, 43% disse já ter visto alguma publicação com discurso de ódio, incluindo ofensas à raça e gênero. Novamente, o Brasil teve o maior percentual entre os países englobados na pesquisa.
A mudança foi anunciada em 7 de janeiro, e a novidade começou pelos Estados Unidos. O plano da companhia é trocar a equipe própria pelo recurso de notas da comunidade, que é quando os próprios usuários fazem marcações nas postagens com informações adicionais que podem desmentir ou complementar uma publicação.
Via: O Globo