A Deezer recebe mais de 20 mil uploads de músicas geradas totalmente por inteligência artificial todos os dias. Isso representa 18% do total de faixas enviadas para a plataforma diariamente, e um aumento de 10% em relação ao mês de janeiro deste ano.
Assim como os concorrentes, a plataforma de streaming musical possui um sistema simplificado de envio de músicas. Isso permite que artistas independentes cadastrem suas faixas sem passar por burocracia que envolva grandes gravadoras. Porém, isso abre brecha para que qualquer um suba músicas 100% geradas por inteligência artificial.
No começo deste ano, a Deezer passou a utilizar uma ferramenta que detecta músicas totalmente criadas por IA. Assim, essas faixas não entram nas recomendações algorítmicas, deixando espaço para canções criadas majoritariamente por seres humanos.
De acordo com a plataforma, o software consegue identificar criações 100% feitas nos principais modelos generativos, como Suno e Udio. A Deezer ainda teve progressos significativos em criar um sistema que detecte conteúdo gerado por IA sem um conjunto de dados específico para treinar.
Questão de direitos autorais
O diretor de inovação da Deezer, Aurelien Herault, acredita que a IA pode ser positiva na criação musical, mas precisa haver cuidado com a questão dos direitos autorais, bem como transparência para os ouvintes.
“O conteúdo gerado por IA continua a inundar plataformas de streaming como a Deezer, e não vemos sinais de que isso vá desacelerar. A IA generativa tem o potencial de impactar positivamente a criação e o consumo de música, mas precisamos abordar o desenvolvimento com responsabilidade e cuidado para proteger os direitos e as receitas de artistas e compositores, mantendo a transparência para os fãs. Graças à nossa ferramenta de ponta, já estamos removendo conteúdo totalmente gerado por IA das recomendações algorítmicas.”
A questão dos direitos autorais é um dos muitos assuntos que envolvem os debates sobre inteligência artificial. Até porque, enquanto algumas ferramentas generativas mal conseguem gerar um bom desenho do mapa do Brasil, há outras que criam músicas que dificilmente uma pessoa percebe que foi criada por IA só de ouvir.
Para criar algo novo, seja um texto, uma imagem ou até uma música, a IA generativa é treinada com grandes conjuntos de dados. A ferramenta, então, analisa os padrões estatísticos presentes nos dados para aprender a gerar conteúdo semelhante.
Eu perguntei ao Deepseek como funciona uma inteligência artificial generativa e a conclusão foi bem interessante. “A IA generativa é como um ‘artista digital’ que aprendeu a copiar estilos (texto, arte, etc.) analisando milhares de exemplos. Ela não ‘entende’ o conteúdo, mas prevê o que vem a seguir com base em matemática e estatística”, disse o chatbot.
Não preciso explicar mais do que isso para você entender o motivo de a Deezer estar preocupada com a inundação de músicas geradas por IA, certo? O problema não é necessariamente a qualidade, mas sim o devido crédito para pagamentos de direitos autorais a quem criou a música usada pela ferramenta para gerar aquela “nova” faixa.
Fonte: Deezer