Hoje cai um dos gigantes da internet: Skype para de funcionar em todo o mundo

O Skype, um dos primeiros softwares a oferecerem chamadas de vídeo no mundo, dá seu adeus nesta segunda-feira, 5. O aplicativo teve seu fim anunciado no início de março e deixa de funcionar oficialmente neste início de maio, dando um fim a 22 anos de serviços prestados a internautas de todo o mundo.

22 anos de serviços prestados

O aplicativo foi criado por dois empreendedores a partir de um software desenvolvido por quatro estonianos. O sueco Niklas Zennström e o dinamarquês Janus Friis se uniram aos estonianos Ahti Heinla, Priit Kasesalu, Jaan Tallinn e Toivo Annus para oferecer uma solução que reduzisse o custo de chamadas de voz.

De acordo com a narrativa oficial, Friis e Annus são os responsáveis pela ideia de usar o protocolo peer to peer (P2P) para chegar a esse objetivo. O Kazaa já utilizava o protocolo para o compartilhamento de arquivos, e foi inspiração da dupla. A primeira versão alfa foi testada na primavera (no hemisfério norte, outono no sul) de 2003, enquanto o primeiro beta público apareceu em 29 de agosto.

O nome original do aplicativo veio justamente do protocolo: Sky Peer-to-peer. Posteriormente, eles abreviaram o nome para Skyper, mas este já tinha alguns domínios registrados, então eles mudaram para Skype.

Esse foi um dos primeiros serviços de chamadas de voz sobre IP (VoIP, na sigla em inglês) que chegou para o grande público. Inicialmente, o mensageiro permitia fazer chamadas de voz gratuitas dentro do próprio país, e tinha custos reduzidos para chamadas internacionais — comparado às telefônicas tradicionais. A vantagem já começa com os interurbanos, que eram caríssimos na rede de telefonia tradicional no começo do século.

Não demorou para o app ganhar popularidade, e em pouco tempo já era utilizado vastamente tanto por pessoas comuns quanto por empresas. Tanto que, em 2005, o Skype foi vendido para o eBay, em uma transação de aproximadamente US$ 2,5 bilhões. Quatro anos depois, uma joint venture formada por Silver Lake, Andreesen Horowitz e Canada Pension Plan Investment Board comparam 65% da plataforma por US$ 1,9 bilhão.

2011: Microsoft entra em cena

O Skype foi a maior compra da história da Microsoft na época de sua aquisição, em maio de 2011. A Gigante de Redmond pagou US$ 8,5 bilhões pela plataforma, em uma estratégia que pretendia integrar o serviço ao Windows, Xbox e também ao pacote Office. A empresa tentava conter o crescimento do iPhone, que estava em sua quarta geração.

A compra do Skype fez com que a Microsoft encerrasse, dois anos depois, o Live Messenger (MSN), popular mensageiro da companhia que ainda deixa saudade até hoje para muitos saudosos na internet. Também em 2013, o aplicativo recebeu um recurso de chamadas de vídeo para Windows, MacOS, iOS, Android e Blackberry. No mesmo ano, o app tornou-se o serviço padrão de mensagens do Windows 8.1.

Já em 2015, a empresa mudou o nome de sua plataforma de comunicação empresarial, Lync, para Skype for Business. E passou a oferecer, além de funcionalidades da plataforma de mensagens, alguns recursos do mundo corporativo, como reuniões online, integração com o Office e compatibilidade com dispositivos de telefonia e videoconferência.

Entre 2017 e 2020, Microsoft e PayPal colaboraram em um serviço que permitia aos usuários do Skype fazerem transferências de fundos durante uma conversa no app mobile. Isso lembra um recurso lançado por um certo mensageiro verde em 2021, não é?

Em 2016, o aplicativo alcançou a marca de 300 milhões de usuários ativos por mês. Em 2019, o Skype foi declarado o sexto app mobile mais baixado da década, contando desde 2010.

O início do fim

Apesar de todo o sucesso, o Skype não ficou livre de problemas. A Microsoft passou anos tentando reformular o aplicativo para manter a competitividade conforme novas plataformas e funcionalidades apareciam. O mensageiro chegou a perder sua própria identidade com o monte de “puxadinho” que a empresa fez na tentativa de oferecer mais e evitar perder usuários.

Mesmo assim, em 2017, a própria Microsoft lançou o Teams, app concorrente de seu próprio Skype. No início, era uma plataforma mais voltada ao mundo corporativo, com chamadas de vídeo e ferramentas de colaboração para empresas.

O crescimento dos dispositivos móveis foi um dos grandes obstáculos do Skype, que mantinha interface ultrapassada e pouca integração com smartphones. Assim, apps como WhatsApp, Telegram e outros, que já nasceram nos celulares, foram ocupando o espaço antes dominado pela plataforma de chamadas da Microsoft. E o app acumulava reclamações de desempenho e experiência de uso, cada vez menos intuitivo.

Mas o grande golpe foi a pandemia de 2019 e o surgimento de aplicativos voltados inicialmente às chamadas de vídeo. O Zoom foi um dos que mais se popularizou nessa época, mas o próprio Teams, da Microsoft, abocanhou uma fatia maior de usuários nesse período.

Assim, a Microsoft passou a focar mais no aplicativo mais novo, e deixou o Skype cada vez mais de lado. Em 2023, a plataforma já tinha reduzido seu número de usuários ativos para cerca de 36 milhões.

O fim foi oficializado no final de fevereiro de 2025, quando a Microsoft anunciou que descontinuaria o Skype de vez em 5 de maio. Usuários que ainda persistiram na plataforma podem migrar para o Teams ou procurar um outro substituto — e não faltam alternativas.

Depois de 22 anos de serviços prestados, o Skype deixa de existir. Mas fica na história, porque foi uma plataforma fundamental na transformação da comunicação mundial.

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