Inteligência artificial é uma ferramenta que pode auxiliar o ser humano em tarefas cotidianas, e é só. Depender delas para tudo na sua vida é um erro grotesco, tão horrendo quanto um mapa do Brasil desenhado por um dos aplicativos mais populares de IA.


Infelizmente, muita gente está se tornando altamente dependente dos apps de inteligência artificial, a ponto de criarem uma “amizade” com chatbots. E não apenas isso, mas também colocam deveres de casa — seja da escola ou faculdade — nas mãos desses aplicativos. Ou entregam o próprio trabalho para eles, sem um mínimo de checagem das informações.
Uma das discussões mais comuns atualmente no Bluesky é sobre a arte estar sendo repassada para as IAs. É verdade que ilustradores nunca foram devidamente reconhecidos no mundo capitalista — o Renascimento é uma transição do feudalismo para o capitalismo comercial — mas confiar em inteligência artificial para toda e qualquer arte não é apenas reduzir o trabalho do artista, como também é bastante perigoso.
Mapa do Brasil por IA: tudo errado
Os mapas do Brasil criados por quatro das mais populares IAs são um exemplo excelente do quanto é perigoso confiar nelas tanto para tarefas de casa quanto para a arte de um trabalho comercial. ChatGPT, Gemini, Meta AI e Claude erraram em quase todos os detalhes, seja nome de estados ou as fronteiras de cada província.
A postagem fala em Grok AI, mas depois corrigiu e me disse que o terceiro mapa é do Gemini. Então, a ordem correta é, de cima para baixo: ChatGPT, Meta AI, Gemini e Claude. Uma postagem com a correção e mais dois mapas feitos pela IA do X/Twitter está incorporada mais para a frente no texto.
O ChatGPT chegou perto, mas errou algumas fronteiras e não acertou o nome de quase nenhum estado — inclusive misturando outros idiomas com o português, e até alfabetos que não utilizamos aqui.
A Meta AI misturou o mapa de satélite com o desenhado e não acertou absolutamente nenhum nome de território da América do Sul inteira.
O Gemini, do Google, chegou perto. Mas criou um estado a mais no Sul, errou quase todos os territórios ao Nordeste e não tem praticamente nenhum nome legível. Além de ter escrito o nome do país com Z, como é escrito em países de língua inglesa.
O mapa da Claude é o mais bizarro, e parece mais o Ciao, mascote da Copa do Mundo de 1990, na Itália, do que um mapa.

Eu poderia ficar linhas e parágrafos falando dos nomes de estados como Rireiro, Gotaito, Mataus, Inagusto, Ro de Janano e tantos outros ilegíveis. Mas acho até desnecessário, já que você pode ver as aberrações com seus próprios olhos.
É melhor deixar os mapas para os cartógrafos desenharem. Assim como a arte para os artistas, que dão vida a suas ilustrações, em vez de entregarem imitações de cópias que só servem para encher linhas do tempo de redes sociais e gastar água de cidades inteiras em troca de algumas curtidas.
Inteligência artificial é uma ferramenta auxiliar
Como eu já falei no início do texto, inteligência artificial pode, sim, ser uma ferramenta auxiliar, não de criação. Eu já usei a IA do Photoshop para complementar fundos de imagens cujo formato não era o ideal para ser capa de textos aqui do Nanobits. Mas jamais usaria para criar uma imagem do zero.
Também recorro ao DeepSeek para me ajudar com alguns resumos, às vezes uma sugestão de título de matéria e até mesmo para dar uma checada se um texto não está muito repetitivo. Mas é só, não dependo totalmente dela para nenhuma dessas atividades, bem como não entrego para ela a tarefa de escrever tudo — e quando faço algo assim, eu leio, checo as informações e reescrevo boa parte dos parágrafos para deixar mais com o meu jeito de escrever.
Não dá para confiar na IA em substituição de um bom profissional, mas dá para usá-la para tarefas simples. Revisão de um texto, sugestões, correções em uma imagem já existente. Criar imagens do zero é uma péssima ideia, assim como confiar nelas para escrever um texto completo. Sempre precisa de uma interação humana para checar se as informações estão corretas.
A IA do Photoshop não consegue criar imagem do zero, somente a partir de uma descrição minha. O Deepseek me entregou redações horríveis que pedi a partir de releases. O texto fica mais publicitário do que o redigido pela assessoria de imprensa. Em um caso, a IA chegou a inventar informações, que só podem ter sido tiradas daquele lugar que ela não tem. Não dá para confiar.
Para deixar claro, não se trata aqui de dizer que inteligência artificial não presta e deve ser evitada a todo custo. Há vantagens em usá-la como uma ferramenta auxiliar em diversos casos. O que não podemos é substituir seres humanos pela IA, principalmente para tarefas mais complexas, o que inclui amizade e companheirismo.
Chatbot não é um amigo, não é terapeuta. É um amontoado de códigos que se alimenta de informações disponíveis na internet para responder a comandos de uma pessoa.
Este texto foi 100% criado por um ser humano. A inteligência artificial não ajudou nem mesmo em sugestões ou correções. Se há problemas de gramática ou repetição de palavras, é porque eu confiei totalmente em meus próprio olhos para revisar.