Um estudo realizado em seis países latino-americanos descobriu que 29% dos brasileiros já caíram em alguma fake news que posteriormente descobriu ser falsa. O número, no entanto, é possivelmente muito maior, visto que apenas 54% reconheceram já ter se deparado com algum tipo de notícia falsa.
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A pesquisa foi realizada apenas com usuários de redes sociais da Meta, e considerou apenas publicações e mensagens nas plataformas Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp. O estudo foi realizado pela Broadminded, empresa que faz parte da Sherlock Communications, e ouviu 3,2 mil pessoas durante o mês de janeiro.
Além dos 29% que reconheceram ter caído em uma notícia falsa, 17% não soube dar certeza se já interagiu com esse tipo de conteúdo no Facebook e afins. Adicionalmente, 43% afirmou já ter se deparado com discurso de ódio.
Para checar uma informação de que desconfia, 57% dos entrevistados afirmou que recorre a uma busca na internet, enquanto outros 53% recorrem à imprensa. Além disso, 33% buscam indícios em outras redes sociais, ao passo que 9% admitiu ter usado algum tipo de chatbot de IA generativa, como o ChatGPT.
Os entrevistados também foram perguntados se já fizeram alguma denúncia de informação falsa nas plataformas da Meta. A maior parte (31%) disse não ter recebido uma resposta satisfatória ou ter sido ignorado, ao passo que 22% afirmou ter ficado satisfeito.
Liberdade de expressão?
É bom notar que o levantamento foi realizado durante o mês de janeiro, quando conteúdo falso sobre uma suposta taxação do PIX explodiu nas redes sociais. Um deputado de extrema direita acusou o governo de querer taxar a modalidade de transferência eletrônica, quando a única mudança anunciada foi um aumento no valor que seria repassado pelas instituições para a Receita Federal, que passaria de R$ 2.000 para R$ 5.000. Além disso, fintechs e afins também teriam que relatar essas transferências.
Apesar de o estudo não ter feito perguntas específicas sobre o tema, podemos lembrar que muita gente caiu na informação falsa sobre a taxação do PIX. Ou seja, esses 29% são somente pessoas que caíram em alguma fake news e descobriram que era falsa. Não seria surpresa descobrir que muita gente já acabou sendo enganada e sequer descobriu.
De acordo com Patrick O’Neill, responsável pela pesquisa e fundador da Sherlock Communications, os brasileiros (e latino-americanos, em geral) acreditam que espalhar fake news é um direito.
“Uma parte dessas pessoas acredita que tudo se resume à liberdade de expressão. Para elas, mentir, desinformar e espalhar informações falsas faz parte desse direito. Mas a maioria dos brasileiros não concorda com isso.”
A pesquisa inclui uma pergunta sobre a prática de disseminar desinformação. Para 19% dos entrevistados, a fake news é um “direito democrático”.
Via: O Globo