Usuários de iPhone na Europa são os primeiros donos de celular da Apple a poder baixar oficialmente um app pornográfico em seus smartphones. A própria Maçã aprovou o Hot Tub, apesar de ele não estar na App Store, e sim na loja alternativa AltStore PAL. O aplicativo ficou disponível nesta segunda-feira, 3 de fevereiro.


Caso você esteja estranhando a notícia, a Apple tem uma diretriz, desde a era de Steve Jobs, de barrar pornografia do iPhone o máximo que ela puder. Não apenas proibindo apps do tipo em sua loja, como também evitando ao máximo que os apps aprovados acessem esse tipo de conteúdo. Muitos usuários conseguem contornar a questão, é claro, mas oficialmente não é possível acessar pornografia no celular da Maçã.
Ou melhor, não era, até esta segunda-feira. Por conta de uma lei europeia, a Apple tem que permitir aos usuários que baixem lojas alternativas à App Store em seus dispositivos. E uma delas, a AltStore PAL, conseguiu a liberação do Hot Tub, um navegador de conteúdo adulto, para ser baixado.
Apesar de a loja ser alternativa, a Apple ainda exige que todos os aplicativos sejam analisados por ela própria para checagem contra fraudes, ameaças à segurança e funcionalidades. E o navegador pornô passou no teste, tornando-se o primeiro de conteúdo adulto a ser permitido pela própria Maçã no iPhone.

AltStore PAL vai doar financiamento do mês para profissionais do sexo e LGBTQ+
A loja alternativa é uma das primeiras do mundo a oferecerem apps ao usuário de iPhone sem ser a oficial. Ela surgiu graças à Lei de Mercados Digitais da UE, que exige que a Apple libere lojas de terceiros e sideloading em seus celulares. Apenas os modelos vendidos na Europa contêm essa “funcionalidade”, por assim dizer.
E para celebrar a liberação do primeiro app de conteúdo adulto no iPhone, a AltStore anunciou a doação de todo o ganho de fevereiro em seu Patreon para “causas que apoiam profissionais do sexo e pessoas da comunidade LGBTQ+”. O desenvolvedor da loja, Riley Testut, mencionou declarações e ordens do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra esses grupos para afirmar apoio a eles em um momento tão complicado que o mudo atravessa.
“Sentimos que é necessário lutar contra as recentes políticas nocivas de políticos, Meta e outros”, contou ele ao site The Verge. Lembrando que a empresa de Mark Zuckerberg removeu políticas em suas redes que protegiam basicamente todas as minorias.
Além de um navegador de conteúdo adulto, a AltStore também oferece outras aplicações proibidas na App Store como emuladores (que também podem ser usados oficialmente com um desvio), torrents e até mesmo o jogo Fortnite, que foi banido da loja e optou por nunca mais retornar oficialmente.
Apple diz não aprovar o aplicativo
Em um comunicado, a Apple se disse preocupada com o navegador por questões de segurança dos seus usuários “e especialmente crianças”. A companhia ainda disse que jamais permitiria o aplicativo em sua própria loja, mas que é obrigada a permitir sua distribuição na loja alternativa.
Segundo a Reuters, a companhia se disse “profundamente preocupada com os riscos de segurança que aplicativos pornográficos hardcore desse tipo criam para usuários da UE, especialmente crianças. Esse aplicativo e outros semelhantes minarão a confiança do consumidor e a confiança em nosso ecossistema”.
Ainda no comunicado, a empresa tentou negar ter aprovado o Hot Tub. “Ao contrário das falsas declarações feitas pelo desenvolvedor do marketplace, nós certamente não aprovamos esse aplicativo e nunca o ofereceríamos em nossa App Store. A verdade é que somos obrigados pela Comissão Europeia a permitir que ele seja distribuído.”
A questão, porém, é técnica, como já explicado nesta matéria. A Apple fez, sim, uma análise no código do aplicativo e o liberou, considerando-o seguro. O comunicado é apenas uma maneira que a empresa encontrou para tentar manter sua superioridade moral contra pornografia, seguindo diretriz do próprio Steve Jobs.
Por um lado, é fato que pais e responsáveis precisam tomar muito cuidado com o acesso de crianças à pornografia. Mas ela faz parte da vida humana, e é natural que as pessoas procurem por esse tipo de conteúdo ao menos uma vez na vida.
*Matéria atualizada em 04/04/2025 com nota da Apple. Texto original publicado em 03/02/2024, às 17:02